Questão 1


Segundo Aristóteles:Na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos nãodevem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios – esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com asqualidades morais –, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas.

(VAN ACKER, T. Grécia: a vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.)


O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania:

  1. possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer épocafi quem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
  2. era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade.
  3. estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
  4. tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicadoàs atividades vinculadas aos tribunais.
  5. vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempopara resolver os problemas da cidade.







Questão 2


A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar.

(HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.)


Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles

  1. entravam em conflito.
  2. recorriam aos clérigos.
  3. consultavam os anciãos.
  4. apelavam aos governantes.
  5. exerciam a solidariedade.







Questão 3


Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas.Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, eenquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, oerigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

(MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.)


A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiaveldefine o homem como um ser:

  1. munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
  2. possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
  3. guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
  4. naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
  5. sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.







Questão 4


Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra:


  1. a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real.
  2. a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público esem a vestimenta real, o privado.
  3. o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.
  4. o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outrosmembros da corte.
  5. a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado escondeos defeitos do corpo pessoal.







Questão 5


Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o mundoque desqualificaram as doutrinas racistas e demonstraram a unidade do gênero humano. Desde então, a maioria dos próprioscientistas europeus passou a reconhecer o caráter discriminatório da pretensa superioridade racial do homem branco e a condenaras aberrações cometidas em seu nome.

SILVEIRA, R. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-Ásia, n. 23, 1999 (adaptado).


A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948, foi motivada por acontecimentos então recentes, dentreos quais se destacava o(a)

  1. ataque feito pelos japoneses à base militar norte-americana de Pearl Harbor.
  2. desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivalidades entre nações.
  3. morte de milhões de soldados nos combates da Segunda Guerra Mundial.
  4. execução de judeus e eslavos presos em guetos e campos de concentração nazistas.
  5. lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelas forças estadunidenses.







Questão 6


O movimento negro unificado (MNU) distingue-se do Teatro Experimental do Negro (TEN) por sua crítica ao discurso nacional hegemônico. Isto é, enquanto o TEN defende a plena integração simbólica dos negros na identidade nacional “híbrida”, o MNUcondena qualquer tipo de assimilação, fazendo do combate à ideologia da democracia racial uma das suas principais bandeirasde luta, visto que, aos olhos desse movimento, a igualdade formal assegurada pela lei entre negros e brancos e a difusão do mitode que a sociedade brasileira não é racista teriam servido para sustentar, ideologicamente, a opressão racial.COSTA, S. Dois Atlânticos: teoria social, antirracismo, cosmopolitismo.

Belo Horizonte: UFMG, 2006 (adaptado).


No texto, são comparadas duas organizações do movimento negro brasileiro, criadas em diferentes contextos históricos: o TEN, em 1944, e o MNU, em 1978. Ao assumir uma postura divergente da do TEN, o MNU pretendia

  1. pressionar o governo brasileiro a decretar a igualdade racial.
  2. denunciar a permanência do racismo nas relações sociais.
  3. contestar a necessidade da igualdade entre negros e brancos.
  4. defender a assimilação do negro por meios não democráticos.
  5. divulgar a ideia da miscigenação como marca da nacionalidade.







Questão 7


“Não à liberdade para os inimigos da liberdade”, dizia Saint-Just. Isso significa dizer: não à tolerância para os intolerantes.

HÉRITIER, F. O eu, o outro e a tolerância. In: HÉRITIER, F.; CHANGEUX, J.-P. (org.)

.
Uma ética para quantos? São Paulo: Edusc, 1999 (fragmento).

A contemporaneidade abriga conflitos éticos e políticos, dos quais o racismo, a discriminação sexual e aintolerância religiosa são exemplos históricos. Com base no texto, qual é a principal contribuição da Éticapara a estruturação política da sociedade contemporânea?

  1. Revisar as leis e o sistema político como mecanismo de adequação às novas demandas éticas.
  2. Propor modelos de conduta fundados na justiça, na liberdade e na diversidade humana.
  3. Criar novas leis éticas com a finalidade de punir os sujeitos racistas e intolerantes.
  4. Instaurar um programa de reeducação ética fundado na prevenção da violência e na restrição da liberdade.
  5. Instituir princípios éticos que correspondam ao interesse de cada grupo social.







Questão 8


TEXTO I

Mais de 50 mil refugiados entraram no território húngaro apenas no primeiro semestre de 2015. Budapeste lançou os “trabalhos preparatórios” para a construção de um muro de quatro metros de altura e 175 km ao longo de sua fronteira coma Sérvia, informou o ministro húngaro das Relações Exteriores. “Uma resposta comum da União Europeia a este desafio daimigração é muito demorada, e a Hungria não pode esperar. Temos que agir”, justificou o ministro.

Disponível em: www.portugues.rfi.fr. Acesso em: 19 jun. 2015 (adaptado).


TEXTO II

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) critica as manifestações de xenofobia adotadas pelogoverno da Hungria. O país foi invadido por cartazes nos quais o chefe do executivo insta os imigrantes a respeitarem as leise a não “roubarem” os empregos dos húngaros. Para o ACNUR, a medida é surpreendente, pois a xenofobia costuma serinstigada por pequenos grupos radicais e não pelo próprio governo do país.

Disponível em: http://pt.euronews.com. Acesso em: 19 jun. 2015 (adaptado).


O posicionamento governamental citado nos textos é criticado pelo ACNUR por ser considerado um caminho para o(a)

  1. alteração do regime político.
  2. fragilização da supremacia nacional.
  3. expansão dos domínios geográficos.
  4. cerceamento da liberdade de expressão.
  5. fortalecimento das práticas de discriminação.







Questão 9


O racismo institucional e a negação coletiva de uma organização em prestar serviços adequados para pessoas por causa desua cor, cultura ou origem étnica podem estar associados a formas de preconceito inconsciente, desconsideração e reforçode estereótipos que colocam algumas pessoas em situações de desvantagem.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).


O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justificaa institucionalização de políticas antirracismo. No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a

  1. >reforma do Código Penal.
  2. elevação da renda mínima.
  3. adoção de ações afirmativas.
  4. revisão da legislação eleitoral.
  5. censura aos meios de comunicação.







Questão 10


Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamentepodem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando queremempreender suas viagens.J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux.

1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800.São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).


Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de

  1. gosto pela aventura.
  2. fascínio pelo fantástico.
  3. temor do desconhecido.
  4. interesse pela natureza.
  5. purgação dos pecados.







Questão 11


Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indíciosde ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitasnem mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade.Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503.

Apud AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C.Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991 (adaptado).


O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir doséculo XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na

  1. expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.
  2. promoção das guerras justas para conquistar o território.
  3. imposição da catequese para explorar o trabalho africano.
  4. opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico.
  5. fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.







Questão 12


De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande,porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, nãopudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é demuito bons ares [...].Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.


A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, orelato enfatiza o seguinte objetivo:

  1. Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.
  2. Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.
  3. Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.
  4. Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.
  5. Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.







Questão 13


O fenômeno da escravidão, ou seja, da imposição do trabalho compulsório a um indivíduo ou a uma coletividade, por parte de outro indivíduo ou coletividade, é algo muito antigo e, nesses termos, acompanhou ahistória da Antiguidade até o século XIX. Todavia, percebe-se que tanto o status quanto o tratamento dos escravos variou muito da Antiguidade greco-romana até o século XIX em questões ligadas à divisão do trabalho.

As variações mencionadas dizem respeito

  1. ao caráter étnico da escravidão antiga, pois certas etnias eram escravizadas em virtude de preconceitos sociais.
  2. à especialização do trabalho escravo na Antiguidade, pois certos ofícios de prestígio eram frequentemente realizados por escravos.
  3. ao uso dos escravos para a atividade exportadora, tanto na Antiguidade como no mundo moderno, poiso caráter étnico determinou a diversidade de tratamento.
  4. à absoluta desqualificação dos escravos para trabalhos mais sofisticados e à violência em seu tratamento,independentemente das questões étnicas.
  5. ao aspecto étnico presente em todas as formas de escravidão, pois o escravo era, na Antiguidade greco--romana, como no mundo moderno, considerado uma raça inferior.







Questão 14


A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Nãodeve sê-lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez, depois de umarevolução, como aconteceu na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento e não emfazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade.

NABUCO, J. O abolicionismo [1883]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado).


No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no Brasil, no qual

  1. copiava o modelo haitiano de emancipação negra.
  2. incentivava a conquista de alforrias por meio de ações judiciais.
  3. optava pela via legalista de libertação.
  4. priorizava a negociação em torno das indenizações aos senhores.
  5. antecipava a libertação paternalista dos cativos.







Questão 15


TEXTO I

Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população de cor. A maioria já haviaconquistado a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a importância histórica da lei de 1888não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedadeconstituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa não cabe em cifras.

ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).


TEXTO II

Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e diversificada.Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente não se distinguiam muitofacilmente dos libertos e os pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável presumir que uma pessoade cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em toda parte.

CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).


Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentosapresentados no Texto II é o(a)

  1. variedade das estratégias de resistência dos cativos.
  2. controle jurídico exercido pelos proprietários.
  3. inovação social representada pela lei.
  4. ineficácia prática da libertação.
  5. significado político da abolição.







Questão 16


Quando refletimos sobre a questão da justiça, algumas associações são feitas quase intuitivamente, tais como a de equilíbrioentre as partes, princípio de igualdade, distribuição equitativa, mas logo as dificuldades se mostram. Isso porque a nossasociedade, sendo bastante diversificada, apresenta uma heterogeneidade tanto em termos das diversas culturas que coexistem em um mundo interligado como em relação aos modos de vida e aos valores que surgem no interior de uma mesmasociedade.

CHEDIAK, K. A pluralidade como ideia reguladora: a noção de justiça a partir da filosofia de Lyotard. Trans/Form/Ação, n. 1, 2001 (adaptado).


A relação entre justiça e pluralidade, apresentada pela autora, está indicada em:

  1. A complexidade da sociedade limita o exercício da justiça e a impede de atuar a favor da diversidade cultural.
  2. A diversidade cultural e de valores torna a justiça mais complexa e distante de um parâmetro geral orientador.
  3. O papel da justiça refere-se à manutenção de princípios fixos e incondicionais em função da diversidadecultural e de valores.
  4. O pressuposto da justiça é fomentar o critério de igualdade a fim de que esse valor torne-se absolutoem todas as sociedades.
  5. O aspecto fundamental da justiça é o exercício de dominação e controle, evitando a desintegração deuma sociedade diversificada.







Questão 17


O processo de justiça é um processo ora de diversificação do diverso, ora de unificação do idêntico. A igualdade entre todosos seres humanos em relação aos direitos fundamentais é o resultado de um processo de gradual eliminação de discriminações e, portanto, de unificação daquilo que ia sendo reconhecido como idêntico: uma natureza comum do homem acima dequalquer diferença de sexo, raça, religião etc.

BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.


De acordo com o texto, a construção de uma sociedade democrática fundamenta-se em:

  1. a norma estabelecida pela disciplina social.
  2. a pertença dos indivíduos à mesma categoria.
  3. a ausência de constrangimentos de ordem pública.
  4. a debilitação das esperanças na condição humana.
  5. a garantia de segurança das pessoas e valores sociais.







Questão 18


A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social e frequentemente procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o futebol, música, sobretudo o samba, e a dança, sobretudoo carnaval, foram os principais canais de ascensão social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxeconsigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aosprivilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos.

CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).


Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que esse(a)

  1. ideologia equipara a nação a outros países modernos.
  2. modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação.
  3. peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros.
  4. mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes.
  5. dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias.







Questão 19


A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, inclui no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais eparticulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e determina que o conteúdo programáticoincluirá o estudo da História da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro naformação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentesà História do Brasil, além de instituir, no calendário escolar, o dia 20 de novembro como data comemorativa do “Dia daConsciência Negra”.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).


A referida lei representa um avanço não só para a educação nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque

  1. legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.
  2. divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.
  3. reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua cultura.
  4. garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à educação.
  5. impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-racial do país.







Questão 20


Texto I

Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e,ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídicodesses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência doque qualquer outro.SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo.

In: MOTA, C. G. (Org.).Viagens incompletas: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).


Texto II

Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidadecultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses eanglo-saxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.

SILVA, K. V., SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006.


Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o períodoanalisado, são reveladoras da

  1. concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.
  2. percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.
  3. compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.
  4. transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval.
  5. visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.







Questão 21


A nova cartografia Social da Amazônia ensina indígenas, quilombolas e outros grupos tradicionais a empregar o GPS etécnicas modernas de georreferenciamento para produzir mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras.

LOPES, R.J. O novo mapa da floresta, Folha de S. Paulo, 7 maio 2011 (adaptado).


A existência de um projeto como o apresentado no texto indica a importância da cartografia como elemento promotor da

  1. expansão da fronteira agrícola.
  2. remoção de populações nativas.
  3. superação da condição de pobreza.
  4. valorização de identidades coletivas.
  5. implantação de modernos projetos agroindustriais.







Questão 22


Em uma disputa por terras, em Mato Grosso do Sul, dois depoimentos são colhidos: o do proprietário deuma fazenda e o de um integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra:


Depoimento 1


A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus antepassados. Não admito invasão.Essa gente não sabe de nada. Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à bala.Esse povo tem que saber que a Constituição do Brasil garante a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiseras minhas terras para a Reforma Agrária terá que pagar, em dinheiro, o valor que eu quero.” – proprietário de uma fazenda no Mato Grosso do Sul.


Depoimento 2


Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade porque fui despedido quando as máquinas chegaram lá na Usina.Seu moço, acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando é tempo de plantar e de colher. Na cidadenão fico mais. Eu quero um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou sozinho. Aprendi que a terratem um valor social. Ela é feita para produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro é ver que aquelesque possuem muita terra e não dependem dela para sobreviver, pouco se preocupam em produzir nela.” – integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Corumbá – MS.

A partir da leitura do depoimento 1, os argumentos utilizados para defender a posição do proprietáriode terras são:


I. A Constituição do país garante o direito à propriedade privada, portanto, invadir terras é crime.

II. O MST é um movimento político controlado por partidos políticos.

III. As terras são o fruto do árduo trabalho das famílias que as possuem.

IV. Este é um problema político e depende unicamente da decisão da justiça.

Estão corretas as proposições:

  1. I, apenas.
  2. I e IV, apenas.
  3. II e IV, apenas.
  4. I , II e III, apenas.
  5. I, III e IV, apenas.







Questão 23


A partir da leitura do depoimento 2, quais os argumentos utilizados para defender a posição de um trabalhador rural sem terra?


I. A distribuição mais justa da terra no país está sendo resolvida, apesar de que muitos ainda não têmacesso a ela.

II. A terra é para quem trabalha nela e não para quem a acumula como bem material.

III. É necessário que se suprima o valor social da terra.

IV. A mecanização do campo acarreta a dispensa de mão de obra rural.

Estão corretas as proposições:

  1. I, apenas.
  2. II, apenas.
  3. II e IV, apenas.
  4. I, II e III, apenas.
  5. III, I, IV, apenas







Questão 24


A luta pela terra no Brasil é marcada por diversos aspectos que chamam a atenção. Entre os aspectos positivos, destaca-se a perseverança dos movimentos do campesinato e, entre os aspectos negativos, a violênciaque manchou de sangue essa história. Os movimentos pela reforma agrária articularam-se por todo o território nacional, principalmente entre 1985 e 1996, e conseguiram de maneira expressiva a inserção dessetema nas discussões pelo acesso à terra. O mapa seguinte apresenta a distribuição dos conflitos agrários emtodas as regiões do Brasil nesse período, e o número de mortes ocorridas nessas lutas.

Com base nas informações do mapa acerca dos conflitos pela posse de terra no Brasil, a região

  1. conhecida historicamente como das Missões Jesuíticas é a de maior violência.
  2. do Bico do Papagaio apresenta os números mais expressivos.
  3. conhecida como oeste baiano tem o maior número de mortes.
  4. do norte do Mato Grosso, área de expansão da agricultura mecanizada, é a mais violenta do país.
  5. da Zona da Mata mineira teve o maior registro de mortes.