Questão 1


Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu cumprimento.Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de prerrogativa, ou emépoca e modo diferentes dos designados por ele próprio.Que é indispensável convocar com frequência os Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como para corrigir, afirmare conservar leis.

Declaração de Direitos. Disponível em: http://disciplinas.stoa.usp. br. Acesso em 20 dez. 2011 (adaptado).


No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos demais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em:

  1. redução da influência do papa – Teocracia.redução da influência do papa – Teocracia.
  2. limitação do poder do soberano – Absolutismo.limitação do poder do soberano – Absolutismo.
  3. ampliação da dominação da nobreza – República.
  4. expansão da força do presidente – Parlamentarismo.
  5. restrição da competência do congresso – Presidencialismo.







Questão 2


O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada correntede pensamento:

Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses,igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-áao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha taldireito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todossenhores tanto quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, oproveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no aabandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura deboa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se para a mútua conservação davida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.

Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.


Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:

  1. a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
  2. a origem do governo como uma propriedade do rei.
  3. o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.
  4. a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.
  5. o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.







Questão 3


A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe nãodispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder. Essencialmenteencarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa poder, eos meios que o chefe detém para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra.

CLASTRES, P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982 (adaptado).


    O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do Estado liberal burguês porquese baseia em:

  1. imposição ideológica e normas hierárquicas.
  2. determinação divina e soberania monárquica.
  3. intervenção consensual e autonomia comunitária.
  4. mediação jurídica e regras contratualistas.
  5. gestão coletiva e obrigações tributárias.







Questão 4


Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdidose o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazerleis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta nãoexiste se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.

MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).


A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade emum Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja:

  1. exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
  2. consagração do poder político pela autoridade religiosa.
  3. concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
  4. estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
  5. reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.







Questão 5


Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniênciaspelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intrigapelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinhariados grandes pela grandeza do homem.

HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada.In: PERROT, M. (org.). História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra.Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado).


O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qualdos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa?

  1. À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante.
  2. A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França internamente.
  3. À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato com os intelectuais iluministas, desejava extinguiro absolutismo francês.
  4. Aos representantes da pequena e média burguesia e das camadas populares, que desejavam justiçasocial e direitos políticos.







Questão 6


Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pelaprimeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essaexpectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo,não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.

CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientiae Studia, São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).


Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciênciacomo uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, ainvestigação científica consiste em:

  1. expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
  2. oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
  3. ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
  4. explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
  5. explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.







Questão 7


Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII – em 1789, precisamente que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaraçãose impôs como necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideiase das mentalidades: o Iluminismo.

FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado).


Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que temcomo uma de suas bases a

  1. modernização da educação escolar.
  2. atualização da disciplina moral cristã.
  3. divulgação de costumes aristocráticos.
  4. socialização do conhecimento científico.
  5. universalização do princípio da igualdade civil.







Questão 8


Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram inicialmente a constituir os Estados Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e justificavam a ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente subversivas para a época,afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à vida, à liberdade e à busca dafelicidade. Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles direitos, derivava dos governados.Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos maistarde, em 1789, na França.Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção.

In: Wladimir Pomar. Revolução Chinesa. São Paulo: Unesp, 2003 (com adaptações).


Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opçãocorreta.

  1. A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o mesmo contexto histórico, mas se baseavam em princípios e ideais opostos.
  2. O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento de independência norte-americanano apoio ao absolutismo esclarecido.
  3. Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos considerados essenciais à dignidade humana.
  4. Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência no desencadeamento da independência norte-americana.
  5. Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho para as independências das colôniasibéricas situadas na América.







Questão 9


O movimento operário ofereceu uma nova resposta ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A resposta foia consciência de classe e ambição de classe. Os pobres então se organizavam em uma classe específica, a classe operária,diferente da classe dos patrões (ou capitalistas). A Revolução Francesa lhes deu confiança; a Revolução Industrial trouxe anecessidade da mobilização permanente.HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções.

São Paulo: Paz e Terra, 1977.


No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa e Industrial para a organização da classe operária. Enquanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa era originária do significado da vitóriarevolucionária sobre as classes dominantes, a “necessidade da mobilização permanente”, trazida pela Revolução Industrial, decorria da compreensão de que

  1. a competitividade do trabalho industrial exigia um permanente esforço de qualificação para o enfrentamento do desemprego.
  2. a completa transformação da economia capitalista seria fundamental para a emancipação dos operários.
  3. a introdução das máquinas no processo produtivo diminuía as possibilidades de ganho material para osoperários.
  4. o progresso tecnológico geraria a distribuição de riquezas para aqueles que estivessem adaptados aosnovos tempos industriais.
  5. a melhoria das condições de vida dos operários seria conquistada com as manifestações coletivas emfavor dos direitos trabalhistas.







Questão 10


Texto I


Texto II

Metade da nova equipe da NASA é composta por mulheres

Até hoje, cerca de 350 astronautas americanos já estiveram no espaço, enquanto as mulheres não chegam a ser um terçodesse número. Após o anúncio da turma composta 50% por mulheres, alguns internautas escreveram comentários machistase desrespeitosos sobre a escolha nas redes sociais.

Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 10 mar. 2016.


A comparação entre o anúncio publicitário de 1968 e a repercussão da notícia de 2016 mostra a

  1. elitização da carreira científica.
  2. qualificação da atividade doméstica.
  3. ambição de indústrias patrocinadoras.
  4. manutenção de estereótipos de gênero.
  5. equiparação de papéis nas relações familiares.







Questão 11


São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua condição social: XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade, em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 53, de 2006).

Disponível em www.jusbrasil.com.br. Acesso em: 20 fev. 2013 (adaptado).


A inclusão do direito à creche e à pré-escola na Constituição da República Federativa do Brasil pode serexplicada pela

  1. redução da taxa de fecundidade no país.
  2. precarização das redes de escolas públicas brasileiras.
  3. >mobilização das mulheres inseridas no mercado de trabalho.
  4. atuação da iniciativa privada consoante às demandas sociais da população.
  5. constatação dos elevados índices de maus-tratos sofridos pelas crianças no Brasil.







Questão 12


As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria, vivemnuma situação de exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógicada dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais,pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experiências, tendo comoprincipal referência sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.

ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse da terra.In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado).


A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é resultante da

  1. constante violência nos babaçuais na confluência de terras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região com elevado índice de homicídios.
  2. falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico comas áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí.
  3. escassez de água nas regiões de veredas, ambientes naturais dos babaçus, causada pela construçãode açudes particulares, impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos.
  4. progressiva devastação das matas dos cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadõesdo Meio-Norte brasileiro.
  5. dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior desuas propriedades.







Questão 13


A lavadeira começou a viver como uma serviçal que impõe respeito e não mais como escrava. Mas essa regalia súbita foiefêmera. Meus irmãos, nos frequentes deslizes que adulteravam este novo relacionamento, eram dardejados pelo olharsevero de Emilie; eles nunca suportaram de bom grado que uma índia passasse a comer na mesa da sala, usando osmesmos talheres e pratos, e comprimindo com os lábios o mesmo cristal dos copos e a mesma porcelana das xícaras decafé. Uma espécie de asco e repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a mesma saciedade e recusavam-se a elogiaros pastéis de picadinho de carneiro, os folheados de nata e tâmara, e o arroz com amêndoas, dourado, exalando umcheiro de cebola tostada. Aquela mulher, sentada e muda, com o rosto rastreado de rugas, era capaz de tirar o sabor e oodor dos alimentos e de suprimir a voz e o gesto como se o seu silêncio ou a sua presença que era só silêncio impedisseo outro de viver.

HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.


Ao apresentar uma situação de tensão em família, o narrador destila, nesse fragmento, uma percepção dasrelações humanas e sociais demarcada pelo

  1. predomínio dos estigmas de classe e de raça sobre a intimidade da convivência.
  2. discurso da manutenção de uma ética doméstica contra a subversão dos valores.
  3. desejo de superação do passado de escassez em prol do presente de abastança.
  4. sentimento de insubordinação à autoridade representada pela matriarca da família.
  5. rancor com a ingratidão e a hipocrisia geradas pelas mudanças nas regras da casa.







Questão 14


Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de suavontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais deprodução. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual seerguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social.

MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977. Adaptado.


Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que:

  1. o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
  2. o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
  3. a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
  4. a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
  5. a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.







Questão 15


O principal articulador do atual modelo econômico chinês argumenta que o mercado é só um instrumento econômico, que seemprega de forma indistinta tanto no capitalismo como no socialismo. Porém os próprios chineses já estão sentindo, na suasociedade, o seu real significado: o mercado não é algo neutro, ou um instrumental técnico que possibilita à sociedade utilizá-lopara a construção e edificação do socialismo. Ele é, ao contrário do que diz o articulador, um instrumento do capitalismo e éinerente à sua estrutura como modo de produção. A sua utilização está levando a uma polarização da sociedade chinesa.

OLIVEIRA, A. A Revolução Chinesa. Caros Amigos, 31 jan. 2011. Adaptado.


No texto, as reformas econômicas ocorridas na China são colocadas como antagônicas à construção deum país socialista. Nesse contexto, a característica fundamental do socialismo, à qual o modelo econômicochinês atual se contrapõe, é a:

  1. desestatização da economia.
  2. instauração de um partido único.
  3. manutenção da livre concorrência.
  4. formação de sindicatos trabalhistas.
  5. extinção gradual das classes sociais.







Questão 16


Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na década de 1960, esgueirando-se pela fresta aberta pela imediatahostilidade norte-americana em relação ao processo social revolucionário. Durante três décadas os soviéticos mantiveramsua presença em Cuba com bases e ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o apoio econômico que, como saberíamos anosmais tarde, mantinha o país à tona, embora nos deixasse em dívida com os irmãos soviéticos – e depois com seus herdeirosrussos – por cifras que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que era oferecido em nome da solidariedade socialista tinhaum preço definido.

PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de S.Paulo, 19 jul. 2014 (adaptado).


O texto indica que durante a Guerra Fria as relações internas em um mesmo bloco foram marcadas pelo(a):

  1. busca da neutralidade política.
  2. estímulo à competição comercial.
  3. subordinação à potência hegemônica.
  4. elasticidade das fronteiras geográficas. compartilhamento de pesquisas científicas.







Questão 17


Essa escultura foi produzida durante o período da ditadura stalinista, na ex-União Soviética, e representa o(a):


  1. luta do proletariado soviético para sua emancipação do sistema vigente.
  2. trabalhador soviético retratado de acordo com a realidade do período.
  3. exaltação idealizada da capacidade de trabalho do povo soviético.
  4. união de operários e camponeses soviéticos pela volta do regime czarista.
  5. sofrimento de trabalhadores soviéticos pela opressão do regime stalinista.







Questão 18


No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimentourbano ligado às funções comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ouensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professore erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades.

LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.


O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a):

  1. apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.
  2. relação entre desenvolvimento urbano e divisão do trabalho.
  3. importância organizacional das corporações de ofício.
  4. progressiva expansão da educação escolar.
  5. acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.







Questão 19


TEXTO I


O aparecimento da máquina movida a vapor foi o nascimento do sistema fabril em grande escala, representando um aumento tremendo na produção, abrindo caminho na direção dos lucros, resultado do aumento da procura. Eram forças abrindoum novo mundo.

HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1974 (adaptado).


TEXTO II

Os edifícios das fábricas adaptavam-se mal à concentração de numerosa mão de obra, reunida para longos dias de trabalho, numa situação árdua e insalubre. O trabalho nas fábricas destruiu o sistema doméstico de produção. Homens, mulherese crianças deixavam os lugares onde moravam para trabalhar em diferentes fábricas.

LEITE, M. M. Iniciação à história social contemporânea. São Paulo: Cultrix, 1980 (adaptado).


As estratégias empregadas pelos textos para abordar o impacto da Revolução Industrial sobre as sociedadesque se industrializavam são, respectivamente,

  1. ressaltar a expansão tecnológica e deter-se no trabalho doméstico.
  2. acentuar as inovações tecnológicas e priorizar as mudanças no mundo do trabalho.
  3. debater as consequências sociais e valorizar a reorganização do trabalho.
  4. indicar os ganhos sociais e realçar as perdas culturais.
  5. minimizar as transformações sociais e criticar os avanços tecnológicos.







Questão 20


Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as pessoas vão consumir essas unidadesadicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a experiência terão as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes deviver que foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais;como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida.

THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).


A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela RevoluçãoIndustrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a)

  1. intensificação da busca do lucro econômico.
  2. flexibilização dos períodos de férias trabalhistas.
  3. esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais.
  4. aumento das oportunidades de confraternização familiar.
  5. multiplicação das possibilidades de entretenimento virtual.







Questão 21


O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro não tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte econdição humanas em todos os tempos e em todos os países, sempre que se tenha apresentada a possibilidade objetiva paratanto. O capitalismo, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente,capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa individual quenão tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).


O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental a

  1. competitividade decorrente da acumulação de capital.
  2. implementação da flexibilidade produtiva e comercial.
  3. ação calculada e planejada para obter rentabilidade.
  4. socialização das condições de produção.
  5. mercantilização da força de trabalho.







Questão 22


TEXTO I


Cidadão

Tá vendo aquele edifício, moço?Ajudei a levantarFoi um tempo de afliçãoEram quatro conduçãoDuas pra ir, duas pra voltarHoje depois dele prontoOlho pra cima e fico tontoMas me vem um cidadãoE me diz desconfiado“Tu tá aí admiradoOu tá querendo roubar?”Meu domingo tá perdidoVou pra casa entristecidoDá vontade de beberE pra aumentar meu tédioEu nem posso olhar pro prédioQue eu ajudei a fazer.

BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento).


TEXTO II


O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhadortorna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objetoproduzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor.

MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos (Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado).


Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é

  1. baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda social por novos postosde emprego.
  2. fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o aumento da produção debens e serviços.
  3. estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata.
  4. instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária.
  5. derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador.







Questão 23


Uma dimensão da flexibilização do tempo de trabalho é a sutileza cada vez maior das fronteiras que separam o espaço detrabalho e o do lar, o tempo de trabalho e o de não trabalho. Os mecanismos modernos de comunicação permitem que, nohorário de descanso, os trabalhadores permaneçam ligados à empresa. Mesmo não exercendo diretamente suas atividadesprofissionais, o trabalhador fica à disposição da empresa ou leva problemas para refletir em casa. É muito comum o trabalhador estar de plantão, para o caso de a empresa ligar para o seu celular ou pager. A remuneração para esse estado de alertaé irrisória ou inexistente.

KREIN, J. D. Mudanças e tendências recentes na regulação do trabalho. In: DEDECCA, C. S.; PRONI, M. W. (Org.). Políticas públicas e trabalho: textos para estudo dirigido. Campinas: IE/Unicamp; Brasília: MTE, 2006 (adaptado).


A relação entre mudanças tecnológicas e tempo de trabalho apresentada pelo texto implica

  1. O prolongamento da jornada de trabalho com a intensificação da exploração.
  2. O aumento da fragmentação da produção com a racionalização do trabalho.
  3. O privilégio de funcionários familiarizados com equipamentos eletrônicos.
  4. O crescimento da contratação de mão de obra pouco qualificada.
  5. O declínio dos salários pagos aos empregados mais idosos.







Questão 24


Um trabalhador em tempo flexível controla o local do trabalho, mas não adquire maior controle sobre o processo em si. Aessa altura, vários estudos sugerem que a supervisão do trabalho é muitas vezes maior para os ausentes do escritório do quepara os presentes. O trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto.

SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999 (adaptado).


Comparada à organização do trabalho característica do taylorismo e do fordismo, a concepção de tempoanalisada no texto pressupõe que:

  1. as tecnologias de informação sejam usadas para democratizar as relações laborais.
  2. as estruturas burocráticas sejam transferidas da empresa para o espaço doméstico.
  3. os procedimentos de terceirização sejam aprimorados pela qualificação profissional.
  4. as organizações sindicais sejam fortalecidas com a valorização da especialização funcional.
  5. os mecanismos de controle sejam deslocados dos processos para os resultados do trabalho.







Questão 25


O bit na galáxia de Gutenberg


Neste século, a escrita divide terreno com diversos meios de comunicação. Essa questão nos faz pensar na necessidadeda “imbricação, na coexistência e interpretação recíproca dos diversos circuitos de produção e difusão do saber...”. É necessário relativizar nossa postura frente às modernas tecnologias, principalmente à informática. Ela é um campo novidativo,sem dúvida, mas suas bases estão nos modelos informativos anteriores, inclusive, na tradição oral e na capacidade naturalde simular mentalmente os acontecimentos do mundo e antecipar as consequências de nossos atos. A impressão é a matrizque deflagrou todo esse processo comunicacional eletrônico. Enfatizo, assim, o parentesco que há entre o computador e osoutros meios de comunicação, principalmente a escrita, uma visão da informática como um “desdobramento daquilo que aprodução literária impressa e, anteriormente, a tradição oral já traziam consigo”.

NEITZEL, L. C. Disponível em: https://www.oocities.org/athens/sparta/1350/bit.html. Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).


Ao tecer considerações sobre as tecnologias da contemporaneidade e os meios de comunicação do passado, esse texto concebe que a escrita contribui para uma evolução das novas tecnologias por

  1. se desenvolver paralelamente nos meios tradicionais de comunicação e informação.
  2. cumprir função essencial na contemporaneidade por meio das impressões em papel.
  3. realizar a transição relevante da tradição oral para o progresso das sociedades humanas.
  4. oferecer melhoria sistemática do padrão de vida e do desenvolvimento social humano.
  5. fornecer base essencial para o progresso das tecnologias de comunicação e informação.







Questão 26


Na semana passada, os alunos do colégio do meu filho se mobilizaram, através do Twitter, para não comprarem na cantinada escola naquele dia, pois acharam o preço do pão de queijo abusivo. São adolescentes. Quase senhores das novas tecnologias, transitam nas redes sociais, varrem o mundo através dos teclados dos celulares, iPads e se organizam para fazer ummovimento pacífico de não comprar lanches por um dia. Foi parar na TV e em muitas páginas da internet.

GOMES. A. A revolução silenciosa e o impacto na sociedade das redes sociais. Disponível em: www.hsm.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.


O texto aborda a temática das tecnologias da informação e comunicação, especificamente o uso de redessociais. Muito se debate acerca dos benefícios e malefícios do uso desses recursos e, nesse sentido, o texto

  1. aborda a discriminação que as redes sociais sofrem de outros meios de comunicação.
  2. mostra que as reivindicações feitas nas redes sociais não têm impacto fora da internet.
  3. expõe a possibilidade de as redes sociais favorecerem comportamentos e manifestações violentos dosadolescentes que nela se relacionam.
  4. trata as redes sociais como modo de agregar e empoderar grupos de pessoas, que se unem em prol decausas próprias ou de mudanças sociais.
  5. evidencia que as redes sociais são usadas inadequadamente pelos adolescentes, que, imaturos, não utilizam a ferramenta como forma de mudança social.







Questão 27


O comércio soube extrair um bom proveito da interatividade própria do meio tecnológico. A possibilidade de se obter um altodesenho do perfil de interesses do usuário, que deverá levar às últimas consequências o princípio da oferta como isca para odesejo consumista, foi o principal deles.

SANTAELLA, L. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003 (adaptado).


Do ponto de vista comercial, o avanço das novas tecnologias, indicado no texto, está associado à

  1. atuação dos consumidores como fiscalizadores da produção.
  2. exigência de consumidores conscientes de seus direitos.
  3. relação direta entre fabricantes e consumidores.
  4. individualização das mensagens publicitárias.
  5. manutenção das preferências de consumo.







Questão 28


Num país que conviveu com o trabalho escravo durante quatro séculos, o trabalho doméstico é ainda considerado um subemprego. E os indivíduos que atuam nessa área são, muitas vezes, vistos pelos patrões como um mal necessário: é precisoter em casa alguém que limpe o banheiro, lave a roupa, tire o pó e arrume a gaveta. Existe uma inegável desvalorização dasatividades domésticas em relação a outros tipos de trabalho.RANGEL, C. Domésticas: nascer, deixar, permanecer ou simplesmente estar.

In: SOUZA, E. (Org.). Negritude, cinema e educação.Belo Horizonte: Mazza, 2011 (adaptado).


Objeto de legislação recente, o enfrentamento do problema mencionado resultou na

  1. criação de novos ofícios.
  2. ampliação de direitos sociais.
  3. redução da desigualdade de gênero.
  4. fragilização da representação sindical.
  5. erradicação da atividade informal.